Grifo-de-Rüppell encontrado morto no Alentejo 

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A Rüppell’s vulture (Gyps rueppelliA ave, de uma espécie africana relativamente rara em Portugal, tinha atravessado o Estreito de Gibraltar a 12 de junho. Um grifo-de-Rüppell (Gyps rueppelli) foi recentemente encontrado morto perto de Beja. As circunstâncias estão ainda a ser investigadas. A ave estava a ser monitorizada pelo GREFA, no âmbito de projetos de conservação em curso, e a sua morte desencadeou uma resposta internacional coordenada. 

dead Rüppell’s vulture laying on the ground
Grifo-de-Rüppell encontrado morto no Alentejo. ©GNR

O incidente 

O alerta foi dado na tarde do dia 2 de julho, pelos técnicos do GREFA (Grupo de Rehabilitación de la Fauna Autóctona y su Hábitat): o emissor GPS/GSM colocado a um grifo-de-Rüppell (Gyps rueppelli) indicava que o abutre poderia estar morto ou que o emissor tinha caído.Gyps rueppelliA última localização registada era perto de Beja, o que levou a equipa espanhola a contactar o projeto LIFE Aegypius Return para obter ajuda.  

A GNR (Guarda Nacional Republicana), parceira do projeto LIFE Aegypius Return, foi imediatamente informada e o Núcleo de Proteção Ambiental (NPA) de Beja prontamente organizou buscas no terreno, na esperança de recuperar apenas um emissor perdido. Esperando o melhor, mas preparando-se para o pior, o Grupo de Intervenção Cinotécnico (GIC) para deteção de venenos foi também mobilizado.  

Na manhã do dia seguinte, 3 de julho, uma patrulha do NPA de Beja localizou o abutre, que infelizmente estava morto. O cadáver foi recolhido seguindo o Protocolo Antídoto – o procedimento formal que garante a recolha e o processamento adequados das provas, em casos de suspeita de envenenamento. Foi transportado para o Hospital Veterinário da Universidade de Évora, instituição de referência para realização de necrópsias e análises forenses na região. As patrulhas caninas do GIC/GNR perscrutaram a área onde o abutre foi encontrado e todos os locais que a ave tinha visitado nos dias anteriores. Durante as buscas, foram encontrados dois gaios (Garrulus glandarius) mortos, o que aumenta as suspeitas de se tratar de um caso de envenenamento. Estas aves serão analisadas juntamente com o abutre para se investigar a causa da morte.Garrulus glandariusmortos, o que aumenta as suspeitas de se tratar de um caso de envenenamento. Estas aves serão analisadas juntamente com o abutre para se investigar a causa da morte. 

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Recolha e processamento de provas seguindo o Protocolo Antídoto. ©GNR

Viagem interrompida 

O grifo-de-Rüppell foi marcado pelo GREFA no norte de Marrocos a 2 de maio de 2025. A 12 de junho, atravessou o Estreito de Gibraltar, em direção à Europa. Voando para norte, passou pela Andaluzia e chegou perto de Mérida, na Estremadura (Espanha), onde permaneceu durante cerca de uma semana. 

No dia 28 de junho, entrou em Portugal, sobrevoando Serpa e Beja. Os dados do emissor GPS/GSM evidenciavam um comportamento normal. No entanto, no dia 29 de junho, começou a mostrar padrões de movimento invulgares – voando distâncias curtas e mudando de local de repouso num raio de um quilómetro. A ave morreu na manhã de 30 de junho, a apenas 60 metros da árvore onde tinha pernoitado. 

Map of Spain and Portugal showing the movements of the Ruppell's Vulture since its tagging in Morocco in May 2025
A viagem do grifo-de-Rüppell desde a sua marcação a 2 de maio de 2025.

Cooperação transfronteiriça para a conservação 

O grifo-de-Rüppell é uma espécie de abutre africana. A nível global, está classificada como Criticamente em Perigo (IUCN’s Red List of Threatened Species) , mas vai sendo cada vez mais comum na Europa. Apesar do rápido declínio na sua área de distribuição nativa em África, o número de grifos-de-Rüppell na Europa está a aumentar, especialmente em Espanha e Portugal. Esta tendência crescente levou a região de Andaluzia a acrescentar a espécie à sua lista de abutres, tornando o grifo-de-Rüppell a quinta espécie de abutres da Europa.th vulture species.  

Todos os anos, uma média de 70 jovens grifos-de-Rüppell seguem os seus parentes próximos, os grifos Griffon Vultures (Gyps fulvus) na sua migração das zonas de invernada em África para a Europa. Várias aves, como a que morreu recentemente no Alentejo, integram um programa internacional de monitorização da espécie na Europa. O Grupo de Trabalho para o grifo-de-Rüppell, envolve as entidades Junta de Andaluzia,, IUCN-MED, GREFA, Fundacion Migres, Association Marocaine pour la Protection des Rapaces AMPR, Wildlife-lab Estación Biológica de Doñana, the Vulture Conservation Foundation  e SEO BirdLife.   

A investigação sobre a morte do grifo-de-Rüppell no distrito de Beja ainda está em curso e será coordenada entre as autoridades portuguesas e espanholas. Este caso prova mais uma vez a importância da colaboração internacional na conservação dos abutres. Os resultados da investigação contribuirão para se compreender melhor as ameaças que esta espécie recém-chegada à Europa enfrenta e como podemos contribuir ativamente para a sua sobrevivência.

About LIFE Aegypius Return

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O projeto LIFE Aegypius Return é cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia.O seu sucesso depende do envolvimento de todos os stakeholders relevantes, e da colaboração dos parceiros: a stakeholders, and the collaboration of the partners: the Vulture Conservation Foundation (VCF)beneficiário coordenador, e os parceiros locais Palombar – Conservação da Natureza e do Património RuralHerdade da ContendaSociedade Portuguesa para o Estudo das AvesLiga para a Protecção da NaturezaAssociação Transumância e NaturezaFundación Naturaleza y HombreGuarda Nacional Republicana e Associação Nacional de Proprietários Rurais Gestão Cinegética e Biodiversidade.

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