LIFE Aegypius Return
Sítios Natura 2000
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O que é a Rede Natura 2000 e qual a sua importância?
A Natura 2000 é uma rede de mais de 27.000 áreas naturais e habitats protegidos para conservar e proteger a rica biodiversidade da Europa, cobrindo mais de 18% da área terrestre da UE e quase 6% da sua área marinha. Esta rede desempenha um papel crucial na manutenção do equilíbrio ecológico, fornecendo importantes serviços dos ecossistemas e oferecendo oportunidades de turismo e recreio, promovendo o desenvolvimento sustentável. A rede Natura 2000 é uma ferramenta essencial para preservar o património natural da Europa e garantir um futuro sustentável para todos.
Como parte deste esforço, o projeto LIFE Aegypius Return visa implementar ações de conservação específicas em dez sítios Natura 2000 importantes para o abutre-preto, sete em Portugal e três em Espanha. Com estas ações, a equipa de projeto trabalhará para garantir um estado de conservação favorável, a longo prazo, para o abutre-preto em Portugal.
Para implementar as ações de conservação com sucesso, a Vulture Conservation Foundation (VCF), que lidera o projeto LIFE Aegypius Return, utilizará a sua experiência na conservação de abutres e a sua extensa rede para coordenar a cooperação transfronteiriça entre as partes interessadas portuguesas e espanholas, trabalhando em conjunto com todos os parceiros do projeto.
Os sítios Natura 2000 em Portugal e o projeto LIFE Aegypius Return
Douro Internacional e Vale do Águeda | Código Natura 2000: PTZPE0038

Mais de 62.000 hectares constituem a área protegida conhecida como Douro Internacional e Vale do Águeda (PTZPE0038), situada no nordeste de Portugal. Esta região acolhe uma grande variedade de espécies, incluindo o abutre-preto, uma espécie ameaçada em Portugal, bem como a águia-de-bonelli e a cegonha-preta. As falésias rochosas, os vales íngremes e as planícies abertas da região proporcionam um habitat ideal para a sua fauna e flora, composta por espécies mediterrânicas e atlânticas, como o sobreiro, a oliveira e a urze. O Douro Internacional e Vale do Águeda é um importante hotspot de biodiversidade em Portugal e desempenha um papel vital na preservação do ecossistema único da região.
Para potenciar o sucesso reprodutivo do abutre-preto na colónia do Douro, que é a mais pequena de Portugal, com apenas dois casais em 2022, as equipas do projeto LIFE Aegypius Return da Associação Transumância e Natureza (ATN) e da Palombar irão construir novas plataformas-ninho e reparar ninhos existentes, bem como monitorizar detalhadamente a reprodução. Para reduzir o risco de incêndio, farão gestão de combustíveis, recuperarão áreas agrícolas e investirão centenas de horas em vigilância. Adicionalmente, irão estabelecer um campo de alimentação suplementar e várias áreas de alimentação não vedadas para melhorar a disponibilidade de alimento de qualidade, apoiar a vulnerável colónia do Douro e promover a conectividade entre as colónias. Este sítio Natura 2000 receberá também a jaula de aclimatação de abutres-pretos, que será crucial para o soft release de indivíduos reabilitados provenientes de centros de recuperação de fauna, para ajudar a reforçar a população e promover o crescimento da colónia. Por último, unidades cinotécnicas de deteção de venenos irão também funcionar no Douro, na sequência da criação de duas novas unidades deste tipo na Guarda Nacional Republicana.
Rios Sabor e Maçãs | Código Natura 2000: PTZPE0037

A área protegida Rios Sabor e Maçãs (PTZPE0037), localiza-se no nordeste de Portugal e ocupa cerca de 44.000 hectares. Uma variedade de espécies vegetais e animais prospera na topografia da região, que inclui terreno montanhoso, vales íngremes e florestas densas. A fauna é variada e inclui, por exemplo, o lobo ibérico, o corço e a águia-real, entre outros. A flora é também muito diversificada, com uma mistura de espécies mediterrânicas e atlânticas, como azinheiras, sobreiros e castanheiros. A área Rios Sabor e Maçãs é relevante pelo seu valor cultural e histórico, mas também pela sua rica biodiversidade, e é fundamental na conservação do ecossistema único da região.
Embora o abutre-preto não se reproduza nos Rios Sabor e Maçãs, ocorre regularmente nesta zona e demonstra um elevado potencial de expansão. Nesta área, o LIFE Aegypius Return pretende melhorar o habitat do abutre-preto, estabelecendo áreas de alimentação não vedadas, entre outras ações, para incentivar o estabelecimento de uma nova colónia e promover a expansão e conectividade da área de distribuição. A Palombar, com a sua equipa multidisciplinar e experiência como parceira do projeto LIFE Rupis, irá gerir este local em coordenação com outros projetos de conservação de necrófagas na região, dando continuidade aos esforços em curso nesta região.
Vale do Côa | Código Natura 2000: PTZPE0039

O Vale do Côa (PTZPE0039) é uma área protegida localizada no nordeste de Portugal, que abrange aproximadamente 66.000 hectares. Acolhe ecossistemas únicos e diversificados que o tornam uma área importante para os esforços de conservação em Portugal. O habitat da região é composto principalmente por falésias rochosas, vales íngremes e planícies abertas, e alberga uma grande variedade de espécies, incluindo o lince-ibérico, o britango e a águia-de-bonelli. Apresenta locais ideais para a nidificação e alimentação de aves necrófagas, como o abutre-preto.
O abutre-preto ocorre frequentemente no Vale do Côa, onde encontra potencial para expansão. A Reserva da Faia Brava da ATN, a primeira área protegida privada em Portugal, situada no Vale do Côa, irá realizar ações de gestão de habitat para apoiar a sustentabilidade da população de abutre-preto em Portugal. Nesta região, os incêndios florestais estão a tornar-se mais comuns devido às alterações climáticas, ao abandono agrícola e à vegetação arbustiva, ameaçando fortemente as espécies locais. Assim, um dos principais objetivos nesta região é melhorar a resiliência do habitat, através da limpeza de vegetação combustível, do restauro de áreas agrícolas e da vigilância de incêndios. Estas atividades também podem apoiar objetivos mais amplos de conservação da vida selvagem. A implementação de medidas florestais de prevenção de incêndios e de gestão do habitat promove populações selvagens de ungulados e coelhos, que beneficiam de paisagens mais abertas, o que pode subsequentemente melhorar a qualidade e a quantidade de recursos alimentares para os abutres-pretos. Os ungulados selvagens também podem contribuir para a manutenção a longo prazo das áreas intervencionadas, reduzindo os custos de manutenção.
Serra da Malcata | Código Natura 2000: PTZPE0007

Localizada na região leste de Portugal, a Serra da Malcata (PTZPE0007) é uma área protegida que abrange mais de 16.000 hectares. O território granítico acidentado proporciona um habitat adequado para uma grande variedade de espécies, incluindo o lince-ibérico, espécie ameaçada, o javali e a rara águia-imperial. Adicionalmente, a flora da região é diversificada, com uma mistura de espécies mediterrânicas e atlânticas, como o sobreiro, a azinheira e o pinheiro, ideais para os abutres-pretos construírem os seus ninhos. Sendo um importante hotspot de biodiversidade em Portugal, os esforços de conservação na Serra da Malcata concentraram-se na preservação dos habitats naturais da região e na redução da perturbação causada por atividades humanas que representem uma ameaça à biodiversidade local, como a perda de habitat, o sobrepastoreio e a caça ilegal.
As equipas do projeto LIFE Aegypius Return da ATN e da Fundación Naturaleza y Hombre (FNyH) partilham as responsabilidades de implementação das ações do projeto na Serra da Malcata, com foco na gestão do habitat. Como parte desses esforços, uma das principais ações na área é a construção de plataformas-ninho para atrair novos casais reprodutores e reforçar os ninhos existentes para promover o sucesso reprodutor. Isto é particularmente importante porque a região acolhe uma pequena população reprodutora de abutres-pretos relativamente pequena. É essencial manter e reforçar os ninhos existentes, pois ninhos frágeis podem ruir, e resultar numa falha na reprodução.
Tejo Internacional, Erges e Pônsul | Código Natura 2000: PTZPE0042

O Tejo Internacional, Erges e Pônsul (PTZPE0042) é um importante hotspot de biodiversidade, com 26.000 hectares no centro de Portugal, composto por uma mistura de habitats mediterrânicos e atlânticos, incluindo rios, falésias e florestas. A região alberga uma fauna diversificada, incluindo o lince-ibérico, a lontra, o peneireiro-das-torres e a cegonha-preta, bem como uma flora rica que inclui o sobreiro, a oliveira e a esteva. Em 2010, quatro décadas após a extinção do abutre-preto enquanto espécie reprodutora em Portugal, indivíduos de uma colónia espanhola próxima começaram a reproduzir-se no Parque Natural do Tejo Internacional, marcando a recolonização natural da espécie no país. No início do projeto LIFE Aegypius Return, o Tejo albergava uma colónia reprodutora de aproximadamente 30 casais de abutres-pretos. A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) liderará as ações de conservação desta região, através da criação de áreas de alimentação não vedadas, da construção e reparação de ninhos, da limpeza de vegetação combustível e da abertura de corta-fogos como prevenção de incêndios. O projeto abordará também os conflitos latentes entre criadores de gado e a conservação de abutres, recorrendo à importância ecológica e social deste grupo de aves, e explicando devidamente a sua ecologia. Para evitar a perturbação dos ninhos, o projeto fará a identificação de atividades humanas prejudiciais, avaliará os planos locais existentes e publicará recomendações, contribuindo para os regulamentos locais. Este assunto é particularmente relevante no Tejo Internacional, uma vez que alguns ninhos de abutres-pretos estão localizados já fora do parque natural, e, portanto, os abutres estão sujeitos a maior risco de perturbação, fracasso reprodutivo e abandono dos locais de nidificação. Por último, a ANPC irá combater o envenenamento por chumbo, organizando workshops de sensibilização e formação para a transição dos caçadores para munições sem chumbo e as novas brigadas cinotécnicas da GNR irão reforçar as ações antiveneno também no Tejo Internacional.
Mourão/Moura/Barrancos | Código Natura 2000: PTZPE0045

Localizada na região sul de Portugal, a área protegida de Mourão/Moura/Barrancos (PTZPE0045) abrange aproximadamente 78.000 hectares e é caracterizada por paisagens tipicamente mediterrânicas, com colinas onduladas, planícies abertas e o característico montado. Esta área proporciona um habitat rico para diversas espécies vegetais e animais, incluindo a águia-imperial, o lince-ibérico e o abutre-preto, entre muitas outras. Com uma flora variada, que inclui o sobreiro, a azinheira e a esteva, esta região é um importante hotspot de biodiversidade em Portugal, com um importante papel na conservação da natureza. Os esforços de conservação em Mourão/Moura/Barrancos concentraram-se na preservação dos habitats naturais da região e na redução da perturbação causada por atividades humanas, como a perda de habitat, o sobrepastoreio e a caça ilegal.
A Herdade da Contenda E.M. (HC) gere uma colónia bem estabelecida de abutres-pretos com cerca de 10 casais reprodutores em Mourão/Moura/Barrancos. Através do projeto LIFE Aegypius Return, a HC e a Liga para a Protecção da Natureza (LPN) irão construir novos ninhos e reforçar os existentes para melhorar a produtividade e reduzir o risco de colapso dos ninhos. A LPN irá também estabelecer áreas não vedadas para a alimentação de abutres-pretos em explorações pecuárias extensivas, o que poderá vir a ser um fator de mudança para a conservação dos abutres em Portugal. Sendo uma das colónias de reprodução da espécie, a ANPC também realizará workshops para aumentar a consciencialização sobre as munições com chumbo e demonstrar as vantagens da transição para munições sem chumbo, no contexto da conservação da natureza e da saúde humana.
Vale do Guadiana | Código Natura 2000: PTZPE0047

O Vale do Guadiana (PTZPE0047) é uma área protegida na região sudeste de Portugal, abrangendo aproximadamente 69.000 hectares. É um ecossistema único caracterizado por habitats mediterrânicos, como florestas, matagais e vales fluviais. A área abriga uma fauna variada, incluindo a águia-imperial e o lince-ibérico, e uma flora diversificada, que inclui sobreiros, oliveiras e estevas. Dado que o Vale do Guadiana é um importante hotspot de biodiversidade em Portugal, os esforços de conservação do projeto centram-se aqui na preservação dos habitats naturais e na redução das atividades humanas que ameaçam a biodiversidade local, tais como a perda de habitat, o sobrepastoreio e a caça ilegal.
O projeto LIFE Aegypius Return irá implementar diversas medidas de gestão de habitat no Vale do Guadiana, estabelecer áreas de alimentação não vedadas e manter/construir plataformas de nidificação. Nesta região, os abutres-pretos ocorrem regularmente, mas ainda não se reproduzem. No entanto, existe um grande potencial para o estabelecimento de uma nova colónia nesta área. Lideradas pela LPN, estas ações de conservação irão promover a expansão e a conectividade entre colónias, com o objetivo final de garantir uma expansão sólida e sustentável da espécie em Portugal.
Os sítios Natura 2000 em Espanha e as ações do projeto LIFE Aegypius Return
Campo de Azaba | Código Natura 2000: ES0000202

Campo de Azaba (ES0000202) é uma área protegida na região oeste de Espanha, perto da fronteira com Portugal. Abrange uma área de aproximadamente 16.000 hectares e é caracterizada por uma mistura de habitats mediterrâneos e continentais, incluindo pastagens de estepe, florestas e vales fluviais. Abriga uma fauna variada, incluindo o abutre-preto, a águia-imperial e o lince-ibérico, e uma flora diversificada, incluindo espécies como a azinheira, o sobreiro e a esteva. É um importante hotspot de biodiversidade em Espanha, com um importante papel nos esforços de conservação que visam proteger o ecossistema único da região.
Como resultado da grande quantidade de gado que pasta nesta área, Campo de Azaba é uma área de alimentação para uma grande comunidade de aves necrófagas, como o abutre-preto, o grifo e o britango. Embora atualmente não existam casais reprodutores de abutres-pretos neste local, Campo de Azaba desempenhará um papel crucial na promoção da conectividade entre as colónias portuguesas e espanholas, um objetivo fundamental do LIFE Aegypius Return. Para atrair casais, a Fundación Naturaleza y Hombre (FNyH), que liderará as ações do projeto no lado espanhol da fronteira, construirá novas plataformas de nidificação. Além disso, para fazer face ao risco crescente de incêndios, a FNyH irá empreender medidas florestais preventivas. Irá também melhorar a disponibilidade e qualidade do alimento através da criação de áreas de alimentação não vedadas e da renovação do campo de alimentação suplementar existente na reserva Campanarios de Azaba, que atualmente é visitado pelas três espécies de abutres da região. No entanto, o objetivo específico desta tarefa é melhorar e adaptar o ambiente físico e a disponibilidade alimentar do campo de alimentação para satisfazer as preferências do abutre-preto.
Sierra de Gata y Vale de Pilas | Código Natura 2000: ES0000370

Sierra de Gata y Vale de Pilas (ES0000370) é uma área protegida localizada na região oeste de Espanha, que abrange 42.000 hectares. Alberga uma mistura de habitats mediterrânicos e continentais, incluindo montanhas, florestas e vales fluviais, e distingue-se pela sua vegetação diversificada, que inclui florestas de carvalhos e sobreiros, bem como charnecas e afloramentos rochosos. A região alberga uma grande variedade de vida selvagem, incluindo aves de rapina como a águia-real e o falcão-peregrino, e mamíferos como o javali e o veado.
Esta região tem cerca de 85 a 135 casais de abutres-pretos, representando uma colónia de reprodução muito importante para a espécie. Aqui, a FNyH construirá novos ninhos, e também fará manutenção das plataformas artificiais que aqui foram construídas, mas nunca ocupadas. No âmbito do LIFE Aegypius Return, serão também feitas podas para melhorar a acessibilidade dos abutres aos ninhos e substituir ou reabastecer o material de nidificação. Tal como na maioria das áreas de intervenção do projeto, a FNyH irá também implementar medidas florestais preventivas para recuperar áreas abertas, promover a regeneração natural e reduzir o risco de incêndio.
Canchos de Ramiro e Ladronera | Código Natura 2000: ES0000434

Canchos de Ramiro y Ladronera (ES0000434) é uma área protegida no oeste de Espanha com uma área total de cerca de 3.000 hectares. As montanhas, os afloramentos rochosos e os vales fluviais, que combinam ambientes mediterrânicos e continentais na região, proporcionam um habitat ideal para diversas espécies animais, como o lince-ibérico, o abutre-preto e a águia-imperial, e espécies vegetais como o sobreiro, a esteva e giestas. As ações de conservação em Canchos de Ramiro y Ladronera centram-se na gestão de habitats, na monitorização do abutre-preto, na promoção de práticas sustentáveis de uso do solo e na sensibilização pública, para preservar o habitat rochoso único e as espécies de aves associadas, mantendo este local um importante hotspot de biodiversidade em Espanha.
Canchos de Ramiro y Ladronera abriga entre 9 e 18 casais de abutres-pretos, constituindo uma área relavante para a expansão da espécie para oeste, nomeadamente para Portugal, a partir de áreas como o Parque Nacional de Monfragüe, que detém elevadas densidades da espécie. Tal expansão beneficiará tanto a população de origem em Espanha como a população nas áreas alvo do projeto em Portugal, reduzindo os efeitos negativos dependentes da densidade nos parâmetros de reprodução. Para auxiliar na expansão, a FNyH construirá aqui uma nova estação de alimentação suplementar, aumentando os recursos tróficos para a espécie. Outras ações em Canchos de Ramiro y Ladronera incluem o estabelecimento de áreas de alimentação não vedadas, o que também melhorará a disponibilidade de alimento. Tal como nos outros sítios Natura 2000 de Espanha, para prevenir o risco de incêndio, a FNyH implementará medidas preventivas de silvicultura e gestão de habitats.